sexta-feira, 14 de setembro de 2012

I don’t wanna be forever young



A concepção da existência de um estágio entre a infância e a vida adulta nasce junto à geração dos Baby Boomers, e é ainda nela que o “ser jovem” e a juventude começam a ser cultuados.

Antes de continuar é importante que façamos a seguinte distinção: na sociedade contemporânea, temos o termo jovem empregado como sinal de saúde (ou até mesmo de um estado físico relacionado à estética) bem conservada, ou ainda como um conjunto de atitudes comportamentais que se espera de uma determinada faixa etária, associada à reprodução do hábitus jovem.

Durante todo o decorrer do século 20 a atitude, a participação e os movimentos jovens foram sem duvida alguma, eventos bastante autênticos e admiráveis. Entretanto, ao entramos no século 21 podemos perceber o caráter jovem como incoerente e alienado. E para deixar ainda pior a situação, nos dias atuais, a ditadura da moda, do mercado publicitário e de consumo em geral, além da interface de gerações - possibilitada pelo uso da internet, e principalmente das redes sociais - impõe seu grande mandamento: a obrigatoriedade da juventude (física e comportamental) eterna.

Antes se aprendia a ser como os mais velhos, hoje o fluxo passa a ocorrer de forma contraria: os mais velhos admiram e acima de tudo querem ser como os mais novos, querem se parecer com eles, fazer o que eles fazem e pensar como eles pensam.

Traços bem característicos da conduta jovem contemporânea são a importância excessiva à imagem e a status, inversão de valores sociais, morais e intelectuais e culto a bebida e a baladas. Admira que muitas pessoas queiram aderir a esse “estilo de vida”. Parece ocorrer que alguns não dão conta de acompanhar o ritmo de sabedoria e responsabilidade que o passar do tempo exige, e assim acabam estagnando em um tempo ou a partir deste tentam regredir. Ou ainda que lutam tanto contra o envelhecimento físico que se esquecem quão grande é o grau de experiência que os anos podem trazer. É claro que querer manter uma aparência mais jovem é aceitável e até normal, dependendo da proporção que isso toma. O problema maior, é que a futilidade chega a um nível tão grande, que a atitude comportamental do mais velho começa ser também, inevitavelmente, a de um jovem imaturo.

Se a sociedade, e em especial os mais velhos, não atentarem para isso, temo o que possa ser das gerações futuras. Assim, espero que as pessoas tenham algum dia sabedoria para entender que envelhecer é bom e faz parte da vida. Para que assim possamos cessar a procura do segredo da “eterna juventude” e focar nossos esforços na busca da “eterna maturidade”. Renunciando dessa forma a futilidade e o exagero existente na caça tanto da juventude física e principalmente da juventude comportamental, a fim de nos tornarmos mais íntegros, sábios e por que não dizer, mais nós mesmos.

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