domingo, 9 de setembro de 2012

Olha minha bunda, pega meu panfleto


Desde que a televisão aberta brasileira resolveu entrar no movimento da “bundalização”, utilizando dessa parte do corpo para atrair público em programas de entretenimento e humor (do tipo: nossa, uma bunda, que engraçado ¬¬), as pessoas começaram a aderir o movimento também em “outros setores” e ate mesmo o trouxeram para sua própria vida.

Um dia desses estava de carro no centro de Betim, parada no sinal, quando chegou uma mulher (com cerca de 40 anos) praticamente despida, entregando o folder de um condomínio (até interessante e provavelmente voltado para o publico B). Fiquei demasiadamente assustada, não somente com a “imagem” dessa mulher, mas principalmente com a atitude de uma agencia de divulgar um produto para esse público dessa forma. Porque, além de uma coisa ruim de se ver, isso, é uma falta de respeito para com todas as pessoas e família que tornam-se obrigadas e coagidas, de uma forma ou de outra, a congregar desse tipo de publicidade.

Primeiramente, acho essa “jogada” da comunicação um tanto quanto evasiva e incomoda. Quando paramos em sinais de transito, o que inegavelmente é uma situação desagradável, não estamos, ao contrario do que os que se utilizam desse artigo parece pensar, mais suscetíveis a mensagem que eles querem passar. Sinceramente, a maioria das pessoas que ali estão pegam os folders, mais como um rito de educação, e automaticamente o jogam no banco ao lado, isso quando não fecham os vidros tentando evitar a situação. Além disso, acredito que a imagem do produto divulgado dessa forma, inevitavelmente será associado e vinculado à esse momento, o que é ruim principalmente em casos como o da quarentona despida do sinal de Betim.

Em segundo lugar, desde sempre julgo de extrema estupidez a conduta de colocar mulheres no sinal distribuindo folders vestidas (parece melhor dizem: não vestidas) com calças justíssimas e blusas amarradas (a fim de mostrar a barriga) e para finalizar o look, um óculos escuro gigante no meio do rosto. Usar uma “ferramenta” como essa não é uma coisa interessante de se fazer, e pode se tornar algo extremamente arriscado a partir do momento em que parece soar como uma troca: “Eu sei que este é um momento desagradável. Mas estamos aqui, por isso deixo você olhar minha bunda e em troca aceite meu “panfleto” (ou seja lá o que for)”.

Sinceramente, acredito que somente profissionais medíocres precisam utilizar-se de mulheres, ou mais precisamente da bunda destas, como artifícios para atingir seus objetivos de comunicação. Além de que, usar um canal como este, pode tornar-se sinal de uma publicidade corrupta e demasiadamente pobre, que julga que seu publico seja tão ruim, sem cultura e incapaz quanto ela mesma é. Enfim, como estudante de publicidade espero nunca precisar da bunda alheira para mostrar meu trabalho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário