Muitas foram as opiniões contrárias em relação ao acontecido, principalmente as vindas de indivíduos e da mídia elitista. E eu, é claro, como uma ex-aluna da rede pública de educação, não poderia deixar de expor minha crítica.
Sei como é difícil, para um aluno da rede pública ter qualidade de ensino. Faltam professores, estrutura, profissionalismo por parte dos funcionários e interesse por parte da maioria dos alunos. Mas existem ainda, dentro desse mundo aqueles alunos (e também professores) que tentam driblar esse problema eminente e se esforçam para fazer regredir toda a deficiência de ensino. Esses se destacam no meio escolar, mas chegado o momento do vestibular não estão preparados o suficiente e acabam por perder sua vaga para outro aluno mais munido e muito provavelmente vindo de escolas particulares, que geralmente focam nesse quesito no ultimo ano do ensino médio, com aulas reforçadas em horário integral.
Era de se esperar a revolta por parte da elite brasileira, contraditório, porém, foi a reprovação vinda de alguns professores da rede pública em relação à aprovação do sistema de cotas. Estes alegaram que dessa forma a qualidade do ensino nas Universidades Públicas cairiam. Afirmo aqui com toda certeza que não é mais inteligente ou capaz aquele que tira maiores notas em uma prova de vestibular (especialmente sendo esta o ENEM, que a maioria das universidades usam como porta de entrada), este esta apenas melhor preparado.
Conheci alunos extremamente inteligentes e capazes que estudavam em escolas públicas que tiveram que se contentar com uma bolsa, enquanto outros não tão brilhantes tiveram oportunidade de estudar em escolas privadas e, por esse motivo conseguiram se preparam melhor para o vestibular e hoje ocupam uma vaga em uma Universidade publica.
É claro que ter uma bolsa em uma universidade particular não é ruim, pelo contrário, é sim uma oportunidade. O que acontece, porém, é que até então, os programas do governo, como o Prouni (que acho uma grande iniciativa, mas não posso deixar de citar), apenas criam mecanismo para que aqueles que pertencem a classes mais altas tenham ainda mais chance de ter um ensino de qualidade. Já que as vagas das Universidades públicas serão ocupadas por eles.
Entretanto, não quer dizer que seja totalmente bom a aprovação da lei. Primeiramente é necessário olhar o Brasil por partes, já que em Minas, por exemplo, as escolas particulares tem custo extremamente alto, e existem ainda escolas publicas de ensino relativamente bom. O que não quer dizer necessariamente que o cenário seja o mesmo em todo o país. É interessante também tentarmos entender os interesses do governo no meio disso tudo, será que ele esta sendo bonzinho, ou esta querendo apenas tirar de suas costas a responsabilidade da melhora do ensino na rede pública?
Por isso, precisamos lembrar que a cota é uma medida emergencial paliativa e que devemos continuar lutando para que a melhora na educação aconteça. Mas, de qualquer forma, fiquei satisfeita com a aprovação da lei e espero que os pequenos gênios das escolas públicas saibam aproveitar essa grande oportunidade.
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